De volta à não rotina
Eu repeti várias vezes durante a gravidez que nunca tinha sonhado ser mãe. Não sei se as pessoas interpretam isso porquê eu gostaria: o que queria manifestar com isso é que ser exclusivamente mãe nunca foi meu objetivo, sempre tive interesses diversos e nunca quis ser só uma coisa, mas ter filhos sempre esteve nos meus planos. Bia nasceu e depois de alguns dias, veio o temor. O susto de não dar conta, o de estar fazendo milénio coisas erradas, mas principalmente, o temor de estar virando uma coisa que eu não queria virar.
Lutei um pouco com o rótulo de mãe nesse início, porque sendo minha primeira filha, estava super insegura todas as decisões, mas principalmente porque não queria me limitar àquele papel, e no início da vida do bebê, por mais que você tente, não consegue fazer praticamente mais zero além de cuidar dele. Li outro dia o desabafo daquela mãe que despertou polêmica no Facebook e consegui me solidarizar (apesar de não concordar com a ura dela), porque é mesmo muito difícil e quando você está vivendo isso parece que nunca mais vai transpor dessa tempo.
Mas sai. Resolvi grafar esse hoje porque estou sentindo que zerei a vida de mãe, hahah! Estamos tendo uma semana tão maravilhosa por cá que precisei vir comemorar, porque há dois meses eu não me imaginaria assim. Eu estava triste porque me sentia anulada, resignada a um papel só, sentia falta das outras partes da minha vida. É muito difícil pra alguém que não tem rotina há pelo menos cinco anos de repente se ver presa moradia, prestando atenção a horários de tudo. Não conseguia trabalhar e isso acabava comigo (adoro o que faço, sentia falta!), via as pessoas falando do Natal e eu mal vi uma árvore dezembro inteiro (enfim mal saía de mansão), reveillon parecia uma piada, enfim não tinha porquê fazer zero de muito dissemelhante do resto dos dias. E eu sei que lendo isso parece palhaço, excesso, mas não é, incomodava de verdade.
Mas porquê já contei pra vocês, tudo começou a mudar no dia que ela sorriu. Ela nos deu de presente de Natal um sorrisão na manhã do dia 25, quando completou um mês. Depois eu descobri porquê fazê-la dormir, aprendi porquê era o chorinho de míngua, descobri que ela nutriz música, e a melhor coisa de todas: ela passou a me reconhecer. Ela passou por uma tempo de estranhar o pescoço dos outros, chorando muito quando percebia que estava num pescoço que não fosse meu ou do pai. Bastava que eu a pegasse de volta para o pranto parar instantaneamente, e eu sei que ninguém quer um bebê que estranha os outros (e ela já parou com isso, foi tempo!), mas eu amava quando pegava ela no pescoço e ela ficava tranquila. Era quase porquê uma asseveração de que estava fazendo as coisas do jeito evidente, enfim ela gosta do meu pescoço, sabe?
Ela completa três meses semana que vem e o perrengue está ficando pra trás. No lugar dele estamos aos poucos voltando à nossa rotina de não rotina, agora com ela. Sempre achei que o bebê tem que escoltar a família, e não a família colocar o bebê no meio de tudo, logo vocês podem imaginar a minha felicidade ao ir voltando ao nosso normal. Essa semana fomos pela primeira vez com ela gravar OCEAC no nosso cenário, fora de BH, e a coisa funcionou super muito, ela amou o lugar e conseguimos fazer tudo que precisávamos. Na quarta tinha uma agenda meio impossível de ser realizada, mesmo sem bebê, e consegui fazer tudo que precisava, sempre parando na hora das mamadas e quando ela precisava de mim. Sabe quando tudo parece estar entrando nos eixos? Me sinto assim!
Semana que vem Bia vai viajar de avião pela primeira vez e se por um lado estou nervosa (temor dela chorar muito e ter que manter os olhares toscos), por outro estou animada, finalmente é isso que fazemos por cá, é logo que sempre imaginava a nossa família quando estava prenha. A cada dia que passa fica mais gostoso, ela fica mais sorridente (estou ansiosa pelas gargalhadas!), mais esperta e eu mais segura e tranquila com esse novo papel na minha vida. Gostaria muito de poder expressar pra Luísa de dois meses detrás que a Lu de hoje está muito feliz ser mãe da Bia, além de ser todo o resto. E pra quem ainda está nessa período, só posso me juntar ao coro (ouvi isso de todas as mães com quem conversei!) e expor Lu Ferreira, e é de autoria de Lu Ferreira.
Nascente Lu Ferreira