GPS não mata, quem mata é bandido cidade sitiada pelo crime

 

O cara erra o caminho, tem o carro metralhado, perde a mulher e a culpa é dele e do GPS? Não, né!

Deixa ver se entendi: a mulher  é assassinada porque o marido entrou por engano uma favela, e a culpa é do GPS? Ou deles, que não souberam usar direito o aplicativo e selecionaram a rua no lugar errado? Então vamos lá: não, senhores, não são as vítimas os culpados, tampouco os equipamentos eletrônicos.

Essa barbaridade, mais uma que vai entrar para as estatísticas, é resultado de uma ausência completa de segurança pública. A culpa de quem matou é dos bandidos que metralharam o carro. E, como co-autores, os gestores da cidade de Niterói e do Estado do Rio de Janeiro, que permitem a existência de áreas de o cidadão não pode circular, senão leva bala.

Culpar a inépcia das vítimas lidar com o aplicativo ou o GPS é inacreditável. O problema, a meu ver, é permitir que existam regiões de risco, de ninguém pode entrar, sob pena de sair sem vida. A ideia de que seja criado um alerta de área de risco é ainda mais esdrúxula. Quem vai definir essas zonas de guerra urbana?

É inacreditável ver que crime do qual foram vítimas o empresário José Francisco Múrmura, que teve a mulher, Regina Múrmura, de 69 anos, morta por criminosos ao entrar de carro por engano na comunidade do Caramujo, Niterói, tenha tido essa abordagem, culpando vítimas e aplicativos.

O crime ocorreu na noite do último sábado (3). Francisco e Regina Múrmura vinham do Rio  e estavam a caminho da praia de Charitas, mas o GPS indicou uma rua com o mesmo nome dentro da comunidade. O objetivo era chegar à avenida Quintino Bocaiúva, na zona sul de Niterói, mas o equipamento os levou até a rua Quintino Bocaiúva, dentro da comunidade na zona norte da cidade.

— Quando eu me deparei com a favela, eu quis parar e quis retornar. E de repente eu vi dez, 15, 20 pessoas armadas há atirando.

Francisco, que é juiz arbitral e presário, chegou a ser confundido com policial pelos criminosos, mas negou.

— Eu disse: ‘Vocês acabaram de acertar minha mulher. Eu preciso ir bora rápido para um hospital para salvá-la

Mesmo depois de terem sido liberados, os bandidos ainda efetuaram vários disparos contra o veículo. Preste atenção: os caras continuaram atirando, mesmo depois de presário ter dito que estava perdido e com a mulher baleada.  Na lataria de seu automóvel, há mais 20 marcas de disparos. GPS não tem metralhadora. Nem as vítimas. O que mata é bala de bandido que manda na cidade. Que tal culpar os criminosos, só pra variar?

 

The GPS não mata, quem mata é bandido cidade sitiada pelo crime Blog da DB.

Fonte: Blog da DB