Somos amigos, mas eu te pegava fácil

No imenso rol de amizades da minha agenda do celular, há nomes pra todos os gostos. Os que eu nem sei quem são, e que foram parar ali por motivos que desconheço mais do que suas próprias pessoas. Os que não vejo há anos, mas de quem tenho sempre notícias. Os que já morreram, mas de quem apagar o número ainda é por demais doloroso. Os colegas de trabalho, os de infância, os do Facebook, os do coração. É gente, muita gente.

Mas há, entre tantas centenas de amigos, um que se eleva da categoria de mortal standard e que, olha, brilha muito nesse Brasil.

Não pelo carisma, que ele não tem. Nem por gentileza, que ele não sabe o que é isso. Aliás, na competição dos amigos grossos, ele vence por um (belíssimo) nariz de vantagem. Detesta contato físico, purra quando ganha abraço, ajeita o cabelo se ganha cafuné e vira as costas se o assunto não lhe agrada. Sabe se vestir, ok, mas seu guarda-roupa não é dos mais memoráveis. O motivo pelo qual este amigo, e este amigo ly, é o grande vencedor top de mercado é outro.

Ele é gato.

Mas só isso, você perguntará, e eu respondo: sim. Só isso. Mas mais um pouco. E outro pouco, até arrebentar. Ele é tudo. Ele é universo. Imprescindível, indispensável, primordial.

E olha que eu nem encosto nele. Só relo de vez quando, dias de sorte, quando a conjunção astral amanhece favorável.

Sim, gatos temos aos montes nas nossas listas de amizades, eu, você, qualquer pessoa. Trabalhamos com gatas, estudamos com gatos, os temos aos montes nas redes, nos cursos, na agenda, casa. Só que o que pega, na verdade, é a subcategoria. que, enquanto existem os gatos, existem os gatos perto dos quais não nos responsabilizamos por nosso comportamento porventura inadequado.

Se se controlar frente a um amigo gato é algo que aprendemos a fazer por contingências da vida, perder o equilíbrio e as estribeiras na companhia desta subcategoria de amigos bonitos é totalmente possível e esperado – outras palavras, cada pessoa no mundo tem 1 (um) amigo ou amiga perto de quem fica difícil pensar outra coisa.

Como eu digo, não é privilégio meu. Não precisa cobiçar meu irresistível amigo gato. Você tem o seu, ele tem a dela, e assim por diante. Tipo um trem de afeto e sensualidade.

Às vezes coincide de você ser a amiga gata do seu amigo gato e, sorte, vocês podem parar de sofrer e se entregar. Mas, salvo estes raros casos, que é permitido abandonar o anonimato, dar nome aos bois e se pegar com alegria, o destino da subcategoria é ganhar toda a sua admiração, encanto e fantasias. E assim o ciclo continua, e assim segue o curso da vida. Até que você resolva escrever um texto sobre o assunto e, ops, ele descubra o que você pensa. Foi mal, Xavier, eu queria te contar já tinha um tempo.

 

 

O Somos amigos, mas eu te pegava fácil Blog Bonitinha, mas Ordinária.

Fonte: Blog Bonitinha, mas Ordinária