Celulares, tablets e outros gadgets, geralmente conectados a internet, se tornaram ipresente no dia a dia da maioria das pessoas. Até mesmo pelo acesso mais rápido e fácil nos dias de hoje a estes equipamentos. É uma mudança comportamental que passou a ser observada pelos especialistas nos últimos anos. Com seus prós e contras. O uso destes aparelhos pelas crianças tem gerado estudos comportamentais sobre o impacto do novo hábito.
– As crianças estão ficando muito sozinhas termos de supervisão. A gente fala das crianças e adolescentes, mas tem muito adulto com problema com as tecnologias. No consultório, geralmente perguntamos sobre a rotina da família à noite, quando estão todos juntos: o pai está no computador, a mãe no tablet e a criança no celular. E muitas vezes estão mandando mensagens uns para os outros – observa Lilian Schwanz Lucas, psiquiatra da infância e juventude.
Tanto a Academia Americana de Pediatria quanto a Sociedade Brasileira de Pediatria afirma, por exemplo, que crianças de 0 a dois anos não devem ter acessos a estas tecnologias. Assim como as crianças de três a cinco devem ter, no máximo, uma hora de exposição, e dos seis aos 18 anos somente duas horas por dia.
O corretor de imóveis Sérgio Luiz Montegutte Filho, 31, de Balneário Camboriú, é pai de três meninos, os gêmeos Gustavo e Vitor, nove, e o menor Lucas, sete. O trio, assim como os amigos e os colegas, sonhavam com um smartphone.
– Eu e a minha esposa, Janaina, tínhamos decidido que daríamos um telefone quando eles completassem 10 anos, mas acabamos dando no ano passado. O menor só tem acesso a um tablet de uso compartilhado, além do videogame. Eles são superconectados, mas restringimos o uso na escola e casa. Não permitimos que fiquem mais do que três horas. E também eles não tem Facebook porque são muito novos e acabam se expondo demais – comenta.
A supervisão do acesso à aplicativos de jogos e redes sociais é vista como o principal fator para a manutenção do uso saudável dos aparelhos. A restrição de horário e os limites também estão entre estes indicativos.
– É preciso seguir ensinando que a gente precisa se proteger dos perigos, das mentiras, da violência e dos boatos – diz uma frase muito pertinente que li recentemente.
Isso é de todos os tempos. Precisamos ensinar que a rede social é como uma rua. É uma grande rua, inclusive. Com o medo da violência ficamos presos condomínios, mas ele (o filho) não está protegido dentro do quarto. A educação consiste continuar ensinando a se proteger, assim como na rua, assim como era antigamente #8211; esclarece a psicóloga e psicodramatista Maria Luiza Vieira Santos.
Com os três filhos conectados, Sérgio e a mulher se policiam quando estão casa ou na presença dos filhos:
– No início, não foi muito fácil que eles assimilassem esse uso restrito. Mas logo entenderam o recado porque nós também desenvolvemos este hábito. Explicamos para eles, quando nos cobram porque estamos no telefone, que muitas vezes é trabalho. E tem o lado bom também. Eles pesquisam muito material para os trabalhos de escola. Recentemente, eles fizeram um trabalho sobre as abelhas e estavam assistindo a uma matéria do Globo Rural.
Para Maria Luiza, há um universo muito grande de informação que deve ser explorado parceria entre pais e filhos.
– A riqueza do material disponível é muito grande, a comunicação, as bibliotecas virtuais. E muitos colégios estão dentro deste universo proporcionando, inclusive, que os responsáveis tenham acesso ao que os filhos estão fazendo.
O pequeno Eduardo tem três anos e começou a brincar no tablet dos pais há poucos meses. A mãe, Bia Mendes, 28 anos, de São José, colunista do de Donna e autora do Agora Que Sou Mãe, aponta os aplicativos de joguinhos como o grande atrativo para o filho.
– O Dudu adora os super-heróis e no tablet gosta dos aplicativos interativos, que o permitem montar um trenzinho ou uma casa #8211; conta Bia, que também procura restringir o uso por, no máximo, meia hora por dia.
Profissionais que a cada dia recebem seus consultórios crianças e adolescente com problemas relacionados ao excesso de convivência com estas tecnologias, Maria Luiza e Lilian esclarecem que #8220;demonizar” os aparelhos não é o caminho.
– Faz parte do papel dos pais cuidar, proteger e monitorar. Existe uma confusão com relação dos papéis, a simetria, a hierarquia. Eu tenho falado de teoria de papeis, um tem uma responsabilidade relação ao outro. O que a gente tem visto é uma confusão. Parece que as famílias viraram repúblicas de estudantes, existe uma dificuldade de dar limite, de proteger, de ensinar, de dizer não. Na hora de dormir, o celular tem que ficar fora do quarto. Os pais não estão conseguindo fazer, ou fazem vista grossa ou proíbem tudo – finaliza Maria Luiza.

Bia Mendes e o filho Dudu brincam no tablet da família. Fotos: Felipe Carneiro/Agência RBS
O Crianças wi-fi: pais e especialistas falam sobre o uso de aparelhos eletrônicos Donna.
Fonte: Donna

