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Um carro, duas crianças e a morte de toda a humanidade

A cena na TV mostra um carro de portas abertas e dois corpos inertes nos bancos da frente e de trás. O apresentador, confuso, se pergunta se ambos estão mortos. Estão. Embora não seja isso que a legenda com a notícia mostre, porque o adulto ao volante se levanta e abandona o veículo cambaleando, pai e filha morreram, sim, juntos, naquele exato momento.

Não é o nem será o último caso de criança esquecida dentro de automóvel no mundo. É uma tragédia tão mais comum do que deveria que, tem, enquanto o canal noticiava o caso de São Bernardo, s na internet contavam também a história de uma mãe horrorizada na mesma situação outro canto do país.

E mesmo o fato de ser uma fatalidade relativamente frequente não faz destes pais e mães criaturas irresponsáveis. Pelo contrário: é por sua responsabilidade que estão de estão. É por ceifar seu bem maior com as próprias mãos mas de olhos vendados que, agora, assistem ao mundo ruir sem qualquer chance de volta.

Estes pais são, junto com seus filhos, vítimas de um murro atroz do destino que os condena, também, à morte – mas uma morte vida, imutável e infinita.

Viverão pela metade, corroídos pela culpa e pela ausência. Já não é cruz suficiente?

Ao que parece, não. que, assim como acontece com qualquer assunto controverso tempos de juízes convenientemente escondidos atrás das telas de seus computadores, este pai, esta mãe e todos os outros que no passado cometeram o mesmo erro agora são achacados e condenados internet afora, como se carregassem qualquer tipo de intenção de culpa além daquela que já os penalizou para o resto dos dias.

Tais comentários perversos espalhados por redes sociais e s de notícias não têm serventia alguma exceto funcionar como vitrine da total falta de compaixão da humanidade. Causa nojo testemunhar tanta gente acima do bem, do mal e imune às tragédias do mundo.

Que encontremos a paz, nós que ficamos. E que sejamos capazes de nos perceber como irmãos também na hora do consolo, porque de união pelo ódio já estamos saturados.

O Um carro, duas crianças e a morte de toda a humanidade Blog Bonitinha, mas Ordinária.

Fonte: Blog Bonitinha, mas Ordinária

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